Japão: 18 mil mortos e desaparecidos por terremoto
Tóquio, 19 mar (Prensa Latina) O número de mortos pelo terremoto e o tsunami do dia 11 no Japão cresce para sete mil 197, enquanto os desaparecidos somam 10 mil 905, informou hoje a polícia.
Os dados correspondem a um relatório divulgado na manhã.
Pouco depois, a agência de notícias Kyodo esclareceu que as informações sobre um sobrevivente encontrado hoje em uma casa parcialmente derrubada em Kesennuma, no município de Miyagi, eram incorretas.
Katsuharu Moriya havia regressado ao seu lar ontem para limpá-lo depois de permanecer em um centro de evacuação desde o último dia 11.
Sem abandonar as atividades de resgate e recuperação de cadáveres durante o período das réplicas, também se priorizam as tarefas para avançar gradualmente para certa normalidade, incluídas as moradias, missão que se dificulta pela escassez de combustível, entre outros problemas.
Na cidade costeira de Rikuzentakata, no município de Iwate, hoje começaram a ser construídas 200 casas temporárias no pátio de uma escola.
Um plano similar em um estádio de beisebol em Kamaishi, na mesma região, foi adiado por falta de materiais e de combustível para seu transporte.
De acordo com informações oficiais, 387 mil evacuados permanecem em dois mil 200 refúgios.
Enquanto isso, os esforços para aliviar a crise na planta Fukushima-1, no município de mesmo nome, somam outra jornada centrada em tratar de restabelecer os sistemas de esfriamento de vários de seus reatores a fim de evitar maiores vazamentos de radiação.
O nível do acidente ali elevou-se ontem de quatro a cinco, na escala INES, de sete. Esse último só foi aplicado ao ocorrido em Chernóbil.
Com isso, esta tragédia atingiu a mesma categoria que a ocorrida em Three Mile Island, Estados Unidos, em 1979.
Essa avaliação só aumenta as preocupações, também para além das fronteiras deste arquipélago, durante uma operação na qual joga-se água sobre a central para controlar o superaquecimento das piscinas usadas como combustível.
A notícia foi dada pouco depois que o Diretor Geral do Organismo Internacional de Energia Atômica (OIEA), Yukiya Amano, pediu às autoridades japonesas facilitar informação mais detalhada sobre o que acontece na planta de seis reatores, cenário de incêndios e explosões de hidrogênio.
Como parte das tarefas para tratar de conter a tragédia, caminhões do Departamento de Bombeiros de Tóquio jogaram logo na manhã 90 toneladas de água sobre o reator 3, um dos mais atingidos.
Também se trabalha na extensão de cabos do exterior em uma tentativa de arrancar novamente as bombas de água para esfriar as barras de combustível na central, localizada a 240 quilômetros ao norte de Tóquio.
Ainda que a reconexão ao reator 2 deve ser concluída hoje, segundo estima-se, a reativação do sistema de esfriamento das unidades e as piscinas das barras de combustível tomará mais tempo ao ter que ser comprovada pelas equipes depois de se restabelecer o fornecimento elétrico.
A Tokio Electric Power Co., operadora da planta, disse ter ligado a linha externa de transmissão com o ponto de recepção da central e confirmou que pode se alimentar de eletricidade.
O esfriamento é necessário porque um aumento na temperatura da água faz diminuir o nível dessa última, com a possibilidade de que as barras usadas de combustível fiquem expostas, motivo pelo qual poderiam esquentar mais, fusionar e emitir material altamente radiativo, no pior dos casos.
Com efeitos nos mercados financeiros internacionais e considerada a pior do Japão desde 1945, a crise iniciada no último dia 11 e ainda por resolver é um novo ponto de referência para os debates sobre uma revisão da segurança nesta indústria.